sábado, 22 de outubro de 2016

24 DE OUTUBRO DE 1954



Completam-se hoje (curiosa coincidência) 62 anos sobre a ocorrência da Tromba de Água despencada sobre a nossa região e que fez elevar, como nunca visto antes, a torrente do rio Uíma, seus afluentes e outras linhas de água escorrentes na zona, para níveis não fixados na memória dos viventes.
Sobre o tema, e porque maldosamente me envolveram num processo esconso, já escrevi quase tudo, e faço estas notas ligeiras porque não quero deixar passar a efeméride sem referência e para fazer ferver um bocado a consciência de quem tanta ignorância, ou mesmo maldade e pesporrência manifestou.
Lembro que entrei na trama quando li, em documento produzido pela ARHn estribado noutro produzido, quase me apetece dizer “parido”, por alguém da Câmara – valerá a pena ir consultar o ofício 26346 de 4 Nov. de 2009 da Câmara para a ARHn – que “o acesso (ao edifício que, cometendo-se toda uma parafernália de ilegalidades, movimentos de influências nos Organismos tutelares como a CCDRn, a câmara deixou erigir na ilha fronteira/sul ao parque das Termas) situa-se acima da cota da maior cheia conhecida para o local”. Quem, tendo vivido este dia de 1954, no lugar da Sé, em S. Jorge, poderá calar-se?
Claro que a Câmara, recorrendo a outsourcing, mandou escrever que a maior cheia conhecida foi a de 2001 a qual mais não foi do que uma pequena enchente se comparar com a de 1954. E mesmo essa (de 2001) inundou a ilha com cerca de 80/90 cm de água, passou acima da dita cota de acesso. Em 1954, segundo o “Comércio do Porto”, de 25/10/54, a água atingiu ali cerca de 5 metros de altura. Encomendou uma pesquisa jornalística a alguém que não devia saber que, já nesse tempo, havia três jornais diários no Porto – Primeiro de Janeiro, Comércio do Porto e Jornal de Notícias – os quais, mesmo sem a expansão noticiosa de agora, haveriam de dar nota da Tromba de Água e seus efeitos directos, nomeadamente por efeito do enchimento das linhas de água. Mesmo a imprensa local foi vista só com um olho. O pesquisador deve ter escrito o que lhe mandaram, porque não acredito que quem quer que seja – dizia-se que era licenciado – descortinasse tão pouco. Nada, na prática.
Pior do que tudo isso foi uma coisa, essa bolsada, a que deram o título de “Informação Técnica”, com feitura obrigada, escrita ou mandada escrever por quem, por moleza, por porosidade, ou propulsionado por perspectiva de voos mais altos, fez obra de encomenda e fez o pior que um ser honesto haveria de poder fazer. Foi ao extremo de inventar uma foto para tentar representar a Casa e o Moinho do ZÉ MOLEIRO (que era o meu pai e a casa foi onde cresci e o moinho foi onde piquei muitas mós), foi à safadeza de comprar depoimentos à medida (um deles, por acaso e só por isso, de pessoa que não era nascida em 1954), com perguntas e respostas feitas e dadas pela mesma pessoa – o autor da “Informação?” – com os depoentes só com a obrigação de assinar o que lhes foi posto à frente dos olhos. É bem capaz de ter havido distribuição e prendas A leitura dessa informação far-nos-ia rir, se não fosse tão infamante.
Esqueceu-se (?) o Informador de colher, aí sim informação, do “Rapazito” que esteve muito tempo rodeado de água em turbilhão, estando ele em cima do muro das Caldas abraçado a um pilarete para não ser levado com a força da água – o Rapazito é agora um avô vivo e saudável disponível para contar o que se passou e por onde andou a água – e bem podia ter falado (ainda o poderá fazer) com o jovem que atravessou o parque cheio de água para levar a corda com que amarrou a pessoa que, enfrentando o turbilhão, foi retirar o “Rapazito” de tão perigosa situação. Esqueceu-se de inquirir qual a altura que atingiu a água na padaria do Celestino – passou a soleira da janela ao meio que ficava a mais de metro da estrada - e até no tanque daquele fontanário que roubaram. E ainda pode tentar – poderia se lhe adviesse um resquício de honestidade intelectual – falar com pessoas que lhe diriam a que altura subiu a água na margem direita do Uíma. Essas pessoas são vivas e moram no mesmo local. E terá tido a curiosidade de medir a altura da água no moinho da Ti Arminda e terá tentado galgar para o moinho do Zé Moleiro? O Comércio do Porto salientou o caso do “Rapazito”.
Fica aqui o desafio a todos os fautores da trapacice a que me desmintam, por escrito, em público, ou, se quiserem em privado para ser eu a divulgar.
Termino com uma inconfidência. Falei em Agosto de 2011 com um responsável da ARHn sobre este tema. Ele disse-me, cito de memória, este Organismo não efectua fiscalização in situ. Analisa processos com base em documentos. Sobre o mesmo caso, tenho um Relato da Câmara Municipal e outro seu e, sem prejuízo de achar o seu mais consistente, que decisão nos seria possível tomar? Eu respondi: ESCLARECIDO.


José Pinto da Silva  

domingo, 9 de outubro de 2016

AZIA QUE NÃO MATA. MAS MORDE



Um plumitivo que tem Raposo no nome e, porque o papel não reage às trampas que nele depositam, nem a direcções/redacções podem nem devem fazer o que é comum chamar-se a censura interna, esta semana numa croniqueta (não sei se é todas as semanas) que meteu no Expresso, resolveu fazer do Eng. Jorge Coelho o seu saco de boxe.
E começa logo que dizer, e aí não faltou à verdade, que ele era do aparelho do PS e que foi levado a ministro das Obras Públicas. Estava-se no último ano do que foi o mandato de Guterres. Interrompido um tanto antes do tempo. Mas, não teve coragem de dizer o dito Raposo, que Coelho, no seguimento do colapso da Ponte de Entre-Os-Rios, assumiu a responsabilidade político pela ocorrência – o tal Raposo por certo não lhe imputará a responsabilidade material – expondo a sua dignidade e desapego.
Mais à frente diz o Raposo, que nunca conseguiu o colocassem na guarda de um qualquer galinheiro, que Jorge Coelho foi trabalhar numa das grandes empresas de Obras Públicas. Não faltou à verdade e bem poderia ter dito que foi para a MOTA/ENGIL que a empresa não o processaria por publicidade negativa. Mas, na sua pequenez informativa, o Senhor Raposo esqueceu-se de referir que esse contrato aconteceu 7 (SETE) anos depois de ter deixado o governo. Que quereria o energúmeno? Que por ter estado no governo e, sendo engenheiro, nunca mais poderia colaborar com uma empresa da área da sua formação académica?
Ah! Isso imagino eu que qualquer Raposo imaginaria, ele usou conhecimentos que adquiriu, enquanto governante, para colocar ao serviço do seu, agora, patrão. Não entende que, se o não fizesse não estaria a ser sério e leal para com quem o acolheu.
O que move o dito Raposo e outros chacais que se movimentam pela nossa praça (idiotas como chamou hoje Moita Flores a um grupo, espera-se que pequeno, de imbecis invejosos que se manifestaram contra a eleição de António Guterres para Secretário Geral da ONU) é a raiva e azia que sentem por não serem contratados para posição onde, pensam eles, se ganha muito bem. Lembro ao Raposo que para estar nesses lugares é preciso ter as qualificações.
Depois acha que foi despropositada a sua contratação para integrar o trio da Quadratura do Círculo. Tem de ir apresentar a queixa ao seu próprio patrão, pois o dono da SICN é o mesmo do Expresso. Garanto que naquele lugar não entrarão peludos que valem bem mais depois de mortos. Pela pele. Que, para apresentar uns dados sobre economia, crescimento ou desemprego, que se limitara a ler um documento recebido de um gabinete ministerial. Onde deveria ir buscar elementos? Se vierem de um ministério não são oficiais? O Sr. Raposo estribou-se num escrito que um assumido direitista (eu diria outro epíteto) escreveu porque conseguiu focar o documento que Jorge Coelho leu.
Qualifique-se, Sr. Raposo e mande depois o curriculum para a MOTA ou outra qualquer empresa que exija alguns saberes e, quem sabe, arranjará um emprega que seque essa azia que, visto isso o Alka Seltzer não cura.

José Pinto da Silva