domingo, 11 de junho de 2017

VETO À PERSONALIDADE

Quero, antes de tudo e à guisa de declaração de interesses, dizer que estava totalmente fora de qualquer escolha e posterior convite ao cidadão Joaquim de Almeida para encabeçar a lista de candidatura à Assembleia de Freguesia da União Caldas / Pigeiros. Se alguém previamente me tivesse dito, ou mesmo só insinuado, que tal convite iria ser feito, eu, logo aí, manifestaria a minha total oposição ao convite, dizendo, além de outros argumentos, que não ficariam dignificados o símbolo e a sigla do PS.

À reunião, tida lugar em Pigeiros, onde esteve o putativo candidato e alguns elementos do PS e no decurso da qual foi formalizado o convite e ali aceite formalmente, não pude estar presente, de contrário manifestar-me-ia face to face contra tal engajamento da Secção do PS de que fui fundador há 42 anos e o seu maior impulsionador durante quase sempre. Inclusive a notificação para essa reunião, por SMS, dizia que o tema era, muito genericamente, “Autárquicas”. Não poderia ir em qualquer circunstância, mas se soubesse do âmago, mandaria um texto escrito a expor a minha posição.

Foi feito um muito mau serviço à Secção com a escolha e o anúncio público do facto e, depois, a aceitação de uma fotografia batida com o convidado, com a Coordenadora da Secção e com a candidato do PS à Presidência da Câmara da Feira. Foi uma manifestação de ligeireza e de ausência de tarimba e perspicácia política. Como terá dito Séneca: “Errare humanum est, perseverare autem diabolicum”  (Errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico. Disse também Confúcio que “O homem aprende com os seus erros”.

Ao jeito de resposta ao anúncio da retirada do convite e do apoio do PS, o “desconvidado” pediu ou mandou escrever um texto / comunicado que não vai além de um chorrilho de ofensas às pessoas intervenientes, que não a mim, claro, que a mim não ofende quemquer. Direi que o “desconvidado” não sabe, nem teria que, mas o autor do comunicado sabe ou teria a obrigação de, que os Estatutos do PS dão à Concelhia e ao seu Presidente o poder de avocar o processo eleitoral e de vetar um candidato, ou todos da lista. E, pelos vistos, o Presidente da Concelhia, de quem nunca fui muito próximo, andou bem mais avisado do que os “escolhedores” do candidato e terá, de forma expedita, colhido informações que quem devia não curou de colher. Dizem-me que tanto no aspecto político, quanto no que toca à pessoalidade. Vetou, e fez muito bem. Uma decisão boa a anular uma outra, anterior e má. E quanto má…!

Um cidadão de S. Jorge telefonou-me tão logo viu a notícia na rede e perguntou se nós andávamos enlouquecidos ao que eu retorqui, de imediato, que fui tão apanhado de surpresa quanto o ele. Atirou que, a manter-se, promoveria uma lista independente alternativa, integrada, o mais possível por eleitores socialistas, ao que respondi que, se conseguisse que o partido não me sancionasse com suspensão, ou mesmo expulsão, ficaria disponível para integrar essa lista. Faria exposição circunstanciada à Vice-Secretária Geral a quem pediria autorização para o “desvio”.

Agora, tendo lavado, ou, pelo menos tentado, a cara e honra da Secção quero dizer ao autor do texto / comunicado que os elementos do PS que estiveram no processo não são nem “gente pouco séria”, nem “têm falta de ideias próprias”, nem são “ventríloquos e marionetas”, nem “um grupo de garotos”, nem tão pouco “um grupo de fantoches”. Só cometeram um erro que foi remediado a tempo e, assim, os epítetos de “sem ideias”, “ventríloquo e marionete”, de “gente pouco séria” (e quem o diz!), de “fantoche” são aqui e agora devolvidos à procedência, porque é nessa procedência que assentam como uma luva.

Se o processo cavou a sepultura, ver-se-á. O PS já travou muitas lutas eleitorais. Ganhou algumas vezes, perdeu outras, mas viveu e praticou a democracia. Disse uma vez Mário Soares que só é derrotado quem deixa de lutar. E, Senhor autor, havia um compromisso, mas NUNCA de honra. Lá se devolve mais o cognome de covarde. Que lhe assentará bem. Talvez.

Já agora lembrar uma expressão que é capaz de definir a ideologia do autor. “Já é altura do PS Caldas ser grande”. Faltou escrever “Outra vez”. O autor é, gostaria de ser ou apanhou algum tique verbal, um clone do Trumpismo.

José Pinto da Silva

Militante 2917
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